tag:blogger.com,1999:blog-46283523266125889362024-03-21T21:51:05.611-07:00MANIA DE COLECIONADORNALDOVELHO E A DANÇA DO TEMPOhttp://www.blogger.com/profile/12230424484430984737noreply@blogger.comBlogger105125tag:blogger.com,1999:blog-4628352326612588936.post-34813081961628085492009-02-16T19:58:00.001-08:002009-02-16T19:58:46.564-08:00<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhifptrbWaxp46syviZCeUrugyDnTEEycPM3Dc1-PYVb7ofHF6Z5pmwVGKDqvIdlXfuiuQmbGx1MmiXpRDecGa6XzUGr_0PBglgFiZigGyXSOcg3KjaakGun2QHfutTOV0Q6c6IZViExk2p/s1600-h/Picture%2520140.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5303610803166495810" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 300px; CURSOR: hand; HEIGHT: 400px; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhifptrbWaxp46syviZCeUrugyDnTEEycPM3Dc1-PYVb7ofHF6Z5pmwVGKDqvIdlXfuiuQmbGx1MmiXpRDecGa6XzUGr_0PBglgFiZigGyXSOcg3KjaakGun2QHfutTOV0Q6c6IZViExk2p/s400/Picture%2520140.jpg" border="0" /></a><br /><div></div>NALDOVELHO E A DANÇA DO TEMPOhttp://www.blogger.com/profile/12230424484430984737noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-4628352326612588936.post-90072001814600822392009-02-16T19:57:00.001-08:002009-02-16T19:57:54.925-08:00<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjyMCNMLYgcrz0Irql88hsbPFM_ONwUnGDHV0t3l63PHaMmxmhLeCGjVj3SFtRjpWMXtzmaXSQLios9twCqe2XbfE3sLzWdYI23HpRc2fX7D3IiaYmFljVAsMXwzQxLHEgduM2VWtvXJmji/s1600-h/Figura1.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5303610552464350962" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 298px; CURSOR: hand; HEIGHT: 400px; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjyMCNMLYgcrz0Irql88hsbPFM_ONwUnGDHV0t3l63PHaMmxmhLeCGjVj3SFtRjpWMXtzmaXSQLios9twCqe2XbfE3sLzWdYI23HpRc2fX7D3IiaYmFljVAsMXwzQxLHEgduM2VWtvXJmji/s400/Figura1.jpg" border="0" /></a><br /><div></div>NALDOVELHO E A DANÇA DO TEMPOhttp://www.blogger.com/profile/12230424484430984737noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4628352326612588936.post-77710603624107782942009-02-16T19:54:00.000-08:002009-02-16T19:56:56.885-08:00<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiSe5V6whcjPuDJim3rAzAlj81gqzLIlSpFkv-7rIctdOqIOaev_7iXnNDnzv9FflqiZBdcutEz_ard3pieKJAGpBqcL8gLMdCS924nr52tzNREgj6PqrMTUR4doymr2UaROCL3BNWHCmWC/s1600-h/MANIA+DE+COLECIONADOR+001.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5303610053785353506" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 400px; CURSOR: hand; HEIGHT: 300px; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiSe5V6whcjPuDJim3rAzAlj81gqzLIlSpFkv-7rIctdOqIOaev_7iXnNDnzv9FflqiZBdcutEz_ard3pieKJAGpBqcL8gLMdCS924nr52tzNREgj6PqrMTUR4doymr2UaROCL3BNWHCmWC/s400/MANIA+DE+COLECIONADOR+001.jpg" border="0" /></a> <div><div></div></div>NALDOVELHO E A DANÇA DO TEMPOhttp://www.blogger.com/profile/12230424484430984737noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-4628352326612588936.post-25113852415589318572009-02-16T19:51:00.000-08:002009-02-23T20:57:39.181-08:00MEUS POEMAS<div align="justify"><strong><em><span style="font-family:trebuchet ms;"><span style="color:#000000;">.<br /></span>Nem todos os poemas são bons! Alguns são apenas bons, outros nem são bons, alguns poucos muito bons. Coisas de um eterno aprendiz!<br /><br />Mas sempre valerá à pena escrever muitos poemas, exorcizar demônios, dizer da dor e do engano, falar do desencanto e do abandono, do desencontro e da solidão. Coisas do desamor!<br /><br />Mas podem acreditar: sempre valerá à pena escrever muitos poemas, alquimizar de vez nossas mágoas, transformando-as em compreensão, falar do amor e do perdão, da magia da sedução. Coisas da esperança e da redenção!<br /><br />Pois sempre valerá à pena escrever muitos poemas, descortinar o passado, reescrever o futuro, trilhar com muita coragem uma nova trajetória. Coisas de quem acredita na vida!<br /><br />Pois sempre valerá à pena escrever muitos poemas, desentranhar o estranho que mora dentro de nós.<br /><br />E mesmo que nem sejamos poetas, mesmo que nem sejam poemas, sempre valerá a pena .</span></em></strong></div><div align="justify"><strong><em><span style="font-family:trebuchet ms;color:#000000;">.</span></em></strong></div>NALDOVELHO E A DANÇA DO TEMPOhttp://www.blogger.com/profile/12230424484430984737noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-4628352326612588936.post-13558841627962428662009-02-16T19:48:00.000-08:002009-02-16T19:50:41.992-08:00PREFÁCIO DE LAURA ESTEVES<span style="color:#000000;">.</span><br /><div align="justify"><strong><em><span style="font-family:trebuchet ms;">O BRUXO ALQUIMISTA</span></em></strong></div><div align="justify"><strong><em><span style="font-family:trebuchet ms;"> <br />Poesia é ato de coragem.<br /><br />Meados de 2002. Um senhor desconfiado, cofiando a barbicha, adentra o café do Teatro Glaucio Gill. Ali, um grupo de sonhadores realiza um evento de poesia. Ele chega tímido, mas não se faz de rogado: violão em punho, canta e fala versos. Canta e encanta. Pronto! A mágica, o sortilégio já estavam realizados. Assim conheci meu amigo Naldovelho. E o músicopoeta de Niterói mostrou-se, também, um empreendedor. Ano seguinte, lá estava Naldo, do outro lado da ponte, coordenando o “Músico recebe poetas”, evento do qual tive a honra de participar.<br /><br />Não bastassem tais proezas, ainda escreve belos poemas. Centenas deles. Li, com ternura, seus poemas e posso afirmar: Naldo é um poeta. Seus textos nos pegam de surpresa e nos espantam pela originalidade. Algumas vezes lírico e nostálgico; outras erótico, cruel, quase perverso. Mas sempre generoso para consigo mesmo e para os pecados alheios. Seus poemas intrigam. Cheiram a tabaco, aguardente, chão molhado (o chão das Minas Gerais ou da sua Niterói?). Falam de vias expressas, sirene, sereias, sinais. Uma doce alquimia: o interior e o urbano.<br /><br />Naldovelho, como já diz o próprio título do livro (Mania de Colecionador), constrói um rol de emoções, é um inventariante de sentimentos:<br /><br />No espelho vejo marcas, linhas gastas, cicatrizes, cabelos brancos, bem curtinhos, barba rala, já grisalha, olhos triste, marejados, algum vestígio de coragem...<br /><br />Seus versos bastardos, como ele mesmo os define, falam de mistérios, entranhas, feitiço, sangue, bala perdida, cicatriz e foge aos padrões estabelecidos pelo “bom comportamento poético”.<br /><br />A sede que eu tenho já faz tantos anos,<br />cicatrizes que eu trago, a maioria latentes...<br /><br />...Palavra ardida é aquela que quando provocada, incendeia de vez o poema e exorciza no peito o feitiço, cicatrizando antigas feridas...<br /><br />...Teria sido bala perdida, ou teria gravado no corpo, riscado a faca, o meu nome?<br /><br />Seus versos em prosa ( grande contradição? ) escancaram portas e janelas, como que nos convidando: entrem, tomem assento e um gole de aguardente para esquentar o coração.Vamos conversar, falar de amargura, insônia, destino:<br /><br />...Pela janela do meu quarto, mantida sempre entreaberta, eu espreito um outono de lágrimas..<br /><br />...Pois que sejam em prosa os meus versos, inquietos, indecentes e confessos, pois a poesia que eu trago comigo ninguém vai conseguir calar.<br /><br />O poeta é senhor da artesania verbal e o livro é um hino de amor ao oficio do escritor. Aliás, a palavra poema, poesia, poeta ou verso, aparece em quase todos os textos. É parar e conferir. A preocupação com a escrita está explicitada em poemas como este:<br /><br />...Ferida de morte a palavra se contorce, se arrasta e agoniza...<br />Sei não! Epitáfio nenhum tem sentido com as letras, desta forma, indispostas. Por que a palavra foi morta? Por que tamanho castigo?<br /><br />Naldovelho foi influenciado pela poesia de Drummond. Não esconde esse fato de ninguém. Mas, certamente, seu anjo não é o mesmo do poeta de Itabira. Seu anjo é docemente obsceno e sorri satisfeito para nosso poeta.<br /> <br />Um anjo travesso pousou do meu lado, fez caras e bocas, revirou meus guardados,...tirou minha roupa, bebeu nos meus lábios, deitou-se comigo, ofertou-me um abrigo suado de orgasmo, veneno, gemidos...<br /><br />E respondendo à sua indagação: por onde andará o poeta? Eu acho, amigo, que ele saiu para se encontrar com o músico e criar poemas que falam de velhos boleros cubanos, de Buena Vista Social Club, tangos, chorinhos, “Eu sei que vou te amar”, “Águas de Março”, jazz, blues, violão, Paulo Moura, Chico e Tom.<br /><br />A música que eu sinto, brota feito nascente...<br /><br />Ritmo, técnica, emoção, imagens criativas, inquietação, tudo bem dosado por um bruxo alquimista, assim é a poesia de Naldo.<br /><br />Nesse mundo massificado, onde somos números em carteiras plastificadas, sua poesia é um bálsamo. É um ato de coragem, como ele costuma falar. Leiam e comprovem. </span></em></strong></div><div align="justify"><strong><em><span style="font-family:trebuchet ms;"></span></em></strong> </div><div align="justify"><strong><em><span style="font-family:trebuchet ms;">Laura Esteves<br /><span style="color:#000000;">.</span></span></em></strong></div>NALDOVELHO E A DANÇA DO TEMPOhttp://www.blogger.com/profile/12230424484430984737noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4628352326612588936.post-6177650266739309072009-02-16T19:47:00.000-08:002009-02-16T19:48:44.669-08:00PREFÁCIO DE BEATRIZ ESCÓRCIO CHACON<div align="justify"><strong><em><span style="font-family:trebuchet ms;color:#000000;">.</span></em></strong></div><div align="justify"><strong><em><span style="font-family:trebuchet ms;">NÃO É COFRE, É CAIXA SEM TRINCOS<br /><br />O que coleciona um poeta? Deve ser um tanto do que está nessa caixa de manias, poesia de número trinta e três. Acho graça dos pedaços de quartzo e das pedras redondinhas de beira de rio, e nem é pra usar aspas, todo poeta deve ser guardador de um mimo assim. Mas o que me intriga não é a mania – cada poeta com a sua, cada louco com o poema de todos. O quer seduz é a própria caixa, transparentemente aberta, se esgotando em mais cacos brilhantes de vida. São papéis fantasiados de palavras.<br /><br />É sedutora a coleção exposta do Naldo, velho amigo de confissões ao primeiro livro. Poesia de peito aberto, ora a sangrar, a inebriar o lado esquerdo de tantos outros. Que há muito não se colhem uns versos tão “ardidos” de ausências, e infusos de alfazema, tatuados de rosas murchas, crisântemos, sementes. E há tanto não se encontra na cidade um romântico de luas cheias, insônias, janelas e musas, beijos derramados num seio.<br /><br />E também nessa caixa sem trincos, um violão. Pelas paisagens do quarto, dos mangues e avenidas de rios brancos, Naldo vai cantarolando lirismos. Parceria com anjos travessos, obscenos, sorridentes, caídos, seus amigos no dia-a-dia.<br /><br />Com que cacos-palavras, portanto, um poeta faz coleção? Nessa caixa luzidia do Naldo, incontáveis, ao alcance. Tocar este livro com toda a nossa delicadeza. Nele recebemos toques de “belezas tristes”. Mania bendita.<br /><br />Beatriz Escorcio Chacon </span></em></strong></div><div align="justify"><strong><em><span style="font-family:Trebuchet MS;color:#000000;">.</span></em></strong></div>NALDOVELHO E A DANÇA DO TEMPOhttp://www.blogger.com/profile/12230424484430984737noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4628352326612588936.post-46161129170998287852009-02-16T19:40:00.000-08:002009-02-16T19:46:58.881-08:00MANIA DE COLECIONADOR<strong><em><span style="font-family:trebuchet ms;color:#000000;">.</span></em></strong><br /><strong><em><span style="font-family:trebuchet ms;">NALDOVELHO<br /><br />Coleciono pétalas diversas, espinhos,<br />pedaços de quartzo, alguns lapidados,<br />muitas corujas na estante da sala,<br />livros queridos, leituras freqüentes,<br />inquietudes da alma, algumas urgentes,<br />pedras redondinhas de beira de rio,<br />fios coloridos todos em desalinho,<br />folhas secas de outono cheirando a abandono,<br />romances, partidas, saudades latentes,<br />tocos de vela, aflições de uma vida,<br />algumas restam acesas dentro do peito,<br />aquecem o inverno dos meus sentimentos,<br />algumas intocadas, precauções que eu tenho,<br />sei lá do futuro e dos rumos que eu tomo.<br /><br />Coleciono gravatas penduradas no armário,<br />documentos, histórias, tudo catalogado,<br />retratos antigos, imagens, passado,<br />telas, meus quadros, estranhos, profusos,<br />uma infinidade de versos, rabiscos confusos,<br />alguns aproveito, cometo poemas,<br />se mexo e remexo resultam em prosa,<br />palavras que eu tenho, sagradas memórias.<br /><br />Coleciono mulheres, amores tão densos,<br />mas teve aquela que colheu e guardou,<br />sementes de trigo e águas de um rio<br />e na troca de odores, suores, salivas,<br />plantou sutilezas, colheu meu amor.<br /><br />Coleciono abraços, sorrisos, amigos,<br />alguns bem distantes permanecem queridos,<br />alguns ao meu lado servem de abrigo.<br /><br />Coleciono invernos, primaveras e outonos,<br />notícias dos longes, esperas, certezas,<br />que sempre ecoam a cada passo sofrido,<br />em cantigas, toadas, melodias profanas;<br />discos antigos, jazz e blues,<br />também tem boleros, a maioria cubanos,<br />tem Águas de Março, Elis e Jobim,<br />tem Nana Caymmi, tem Milton e tem Chico,<br />ultimamente alguns choros doídos, confesso!<br /><br />Sonoridades, palavras, imagens, objetos,<br />ainda bem que eu os tenho bem junto a mim. </span></em></strong><br /><strong><em><span style="font-family:Trebuchet MS;color:#000000;">.</span></em></strong>NALDOVELHO E A DANÇA DO TEMPOhttp://www.blogger.com/profile/12230424484430984737noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-4628352326612588936.post-9502593519829415502009-02-16T19:38:00.000-08:002009-02-16T19:39:05.075-08:00AOS POETAS<div align="justify"><strong><em><span style="font-family:trebuchet ms;color:#000000;">.</span></em></strong></div><div align="justify"><strong><em><span style="font-family:trebuchet ms;">NALDOVELHO<br /><br />Não reconheço o poeta que não tenha arestas, que não tenha vivido os contrastes e que não tenha em sua bagagem muitas histórias, boa parte delas mal comportadas, mal resolvidas e, às vezes até, inacabadas...<br /><br />Não reconheço o poeta que não tenha espinhos, muitas farpas e cacos espetados por todo o corpo, feridas mal cicatrizadas, cortes, desgostos que sangram toda vez que alguém toca, e que vez por outra ardem, doem...<br /><br />Não reconheço o poeta que tenha perdido a coragem de tentar sempre outra vez, outra vez, e mais outra vez... Apesar de saber que vai voltar a arder, a sangrar e a doer.<br /><br />Não reconheço o poeta que não tenha vivido um drama, que não tenha se envolvido numa trama, que não tenha dobrado muitas esquinas ou que tenha como trajetória uma reta e longa linha, que não tenha sobrevivido a um feitiço, que não tenha se perdido em desvios, em atalhos, que não tenha caído em muitos buracos, ribanceiras, que não tenha arranhado todo o corpo e por força das suas incertezas, não seja meio labirinto, meio esfinge, meio esboço.<br /><br />Não reconheço o poeta que não tenha praguejado, que na perda não tenha chorado, que no desencontro não tenha se lamentado. Podia ter sido tão bom!<br /><br />Não reconheço o poeta sem pecado, que não tenha caminhado errado, que não tenha se enganado, ou não tenha sido enganado, que não tenha dormido em alguma cama estranha em busca de um outro sabor. Se não dormiu, sonhou ou então desejou!<br /><br />Não reconheço o poeta que não tenha uma sombra, um fantasma, um arrependimento, frutos de um dissabor ou de um constrangimento, que seja sem conflitos, sem desgastes, sem atritos.<br /><br />Não reconheço um poeta que não seja indecente, que não tenha uma boa quantidade de veneno escorrendo dos seus lábios ou guardado entre os dentes, que seja bem comportado, bem resolvido, em paz, harmonizado, que viva em plenitude, que seja feliz, sem ser hipócrita, pois todo o poeta é um louco, um buscador que se alimenta da vida, todo o poeta é o “antinirvana” e ele é como é, e ainda bem que assim é! <br /><br />Aqueles que são poetas entenderão, aqueles que fingem, contestarão. De qualquer maneira peço licença para que eu possa passar com a minha confusão. Quero assim poder continuar semeando a busca pela compreensão.</span></em></strong></div><div align="justify"><strong><em><span style="font-family:Trebuchet MS;color:#000000;">.</span></em></strong></div>NALDOVELHO E A DANÇA DO TEMPOhttp://www.blogger.com/profile/12230424484430984737noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-4628352326612588936.post-6456324830551415642009-02-16T19:35:00.000-08:002009-02-23T20:58:49.130-08:00SAUDADES DAS MINHAS GERAIS<strong><em><span style="font-family:trebuchet ms;color:#000000;">.</span></em></strong><br /><strong><em><span style="font-family:trebuchet ms;">NALDOVELHO<br /><br />Tem dias que amanhecem<br />com cheiro de café bem forte<br />feito em fogão de lenha,<br />angu de corte na mesa<br />broa de milho e a certeza<br />do sorriso aceso nos olhos.<br />Dedo e meio de prosa,<br />cigarro de palha nos dedos,<br />logo, logo abrir a porteira,<br />o mundo nos chama lá fora,<br />Maria Fumaça que avisa,<br />tá meia hora atrasada<br />por conta de muita neblina,<br />manhãs embaçadas de outono.<br />Tem dias que eu amanheço<br />águas tranqüilas, riacho,<br />vento que venta macio,<br />cachaça madura, engenho,<br />dormente de trilho, caminho,<br />Maria Fumaça, um abraço<br />e tudo que eu penso ou faço<br />é fruto das delicadezas...<br />Manhãs embaçadas de maio,<br />saudades das Minas Gerais!</span></em></strong><br /><strong><em><span style="font-family:Trebuchet MS;color:#000000;">.</span></em></strong>NALDOVELHO E A DANÇA DO TEMPOhttp://www.blogger.com/profile/12230424484430984737noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4628352326612588936.post-53744868596029885802009-02-16T19:33:00.000-08:002009-02-16T19:34:29.614-08:00OS QUATRO LADOS DE UM POEMA<strong><em><span style="font-family:trebuchet ms;color:#000000;">.</span></em></strong><br /><strong><em><span style="font-family:trebuchet ms;">NALDOVELHO<br /><br />Do lado de fora,<br />sempre o mesmo lado,<br />um querubim sedento,<br />meio embriagado, lia um poema.<br />Embora isto me doa,<br />versos debochados.<br />Do lado de dentro,<br />sempre o mesmo lado,<br />um enamorado esculpia um verso.<br />Embora isto me doa,<br />muito sentimento.<br />Do lado de cima,<br />meio pendurado,<br />um ser bem desvairado<br />versejava atento.<br />Embora isto me doa,<br />versos bem cuidados.<br />Do lado de baixo,<br />versos sem escolha,<br />desentranhamentos...<br />Embora isto me doa,<br />toda a vez que eu toco<br />sangro mais um pouco.</span></em></strong><br /><strong><em><span style="font-family:Trebuchet MS;color:#000000;">.</span></em></strong>NALDOVELHO E A DANÇA DO TEMPOhttp://www.blogger.com/profile/12230424484430984737noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4628352326612588936.post-31294217110971372782009-02-16T19:32:00.000-08:002009-02-16T19:33:00.877-08:00INSANOS E PERVERSOS<strong><em><span style="font-family:trebuchet ms;color:#000000;">.</span></em></strong><br /><strong><em><span style="font-family:trebuchet ms;">NALDOVELHO<br /><br />Acho que eu vi um gatinho<br />desfilando calmamente pelo telhado<br />e um cachorro embaixo latindo!<br />Cachorros não sobem em telhados...<br />E eu aqui em meu quarto rindo.<br />Acho que eu vi um soneto<br />de versos insanos e perversos,<br />brotavam das mãos do poeta!<br />Cantigas de amor são tão lindas,<br />deixam-me até afrontado.<br />Acho que eu vi a saudade<br />que clandestinamente entranhada<br />em meu peito sussurrava segredos.<br />Saudade é fruta amargosa,<br />espinho que se colhe com a rosa.<br />Acho que o gatinho que eu vi,<br />escorregou e despencou do telhado.<br />E o cachorro coitado!<br />Fugiu assustado<br />por conta da barulheira<br />do gato com a roseira, enroscado.<br />Acho que o poema que eu fiz<br />dá conta do amor que não me quis.<br />Acho que o poeta continua rindo<br />do cachorro, do gato<br />e dos seus próprios versos,<br />cada vez mais insanos e perversos.</span></em></strong><br /><strong><em><span style="font-family:Trebuchet MS;color:#000000;">.</span></em></strong>NALDOVELHO E A DANÇA DO TEMPOhttp://www.blogger.com/profile/12230424484430984737noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4628352326612588936.post-23843248445156149242009-02-16T19:21:00.000-08:002009-02-16T19:22:30.716-08:00NÃO SOU POETA<strong><em><span style="font-family:trebuchet ms;color:#000000;">.</span></em></strong><br /><strong><em><span style="font-family:trebuchet ms;">NALDOVELHO<br /><br />Não sou poeta, sou exorcista.<br />Exorcista dos meus próprios demônios!<br />E o faço através de versos,<br />repletos, ardidos, confessos,<br />que curem antigas feridas,<br />que me desentranhem os ais.<br />Não sou poeta, sou mestiço!<br />Mulato, caboclo, cafuzo,<br />miscigenados os versos, confuso,<br />sem medidas métricas ou rimas,<br />confessadamente insano,<br />por conflitos estranhos, tamanhos.<br />Não sou poeta, sou descoberta,<br />de versos paridos revoltos,<br />espremidos pela dor e esforço<br />de deixar vir à tona, coisas viscerais...<br />Que por mais que eu negue<br />incomodam e arranham.<br />Não sou poeta, sou esboço,<br />de embaçadas e controversas imagens,<br />contornos sombrios, viagens,<br />cicatrizes, sinais, tatuagens,<br />palavras forjadas selvagens,<br />e a ferro em fogo, profanas.<br />Não sou poeta, sou inquietude!<br />Sou buscador de amplitudes,<br />rastilho de coisa explosiva,<br />ventania que venta por dentro<br />e derrama sem constrangimento<br />sementes doídas demais.</span></em></strong><br /><strong><em><span style="font-family:Trebuchet MS;color:#000000;">.</span></em></strong>NALDOVELHO E A DANÇA DO TEMPOhttp://www.blogger.com/profile/12230424484430984737noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4628352326612588936.post-73668814038161510252009-02-16T19:18:00.000-08:002009-02-16T19:19:40.647-08:00COISAS GUARDADAS<div align="justify"><strong><em><span style="font-family:trebuchet ms;color:#000000;">.</span></em></strong></div><div align="justify"><strong><em><span style="font-family:trebuchet ms;">NALDOVELHO<br /><br />Dentro do meu armário, no fundo de uma gaveta, pedaços do meu passado, tiras, retalhos, guardados, tudo devidamente catalogado.<br /><br />Guardo o quintal da vizinha com amoreira e tudo, e uma mangueira frondosa, manga carnuda e gostosa. Guardo um gato safado, o nome dele é Veludo, e um cachorro vira-latas, já bem velhinho e surdo. Guardo um pato maluco que de quando em vez, anda todo de lado, come chiclete e bola de gude. Guardo uma unha encravada que depois de um racha de rua ficou bastante inflamada e deu um trabalho danado pro Seu Luiz da farmácia conseguir arrancar. Deus do céu, como doeu! Guardo o beijo roubado da filha de uma outra vizinha. Guardo as coxas quentinhas de uma priminha assanhada. Guardo o bilhete amassado escrito por uma ex-namorada que marcou comigo e coitada, ficou constipada e não compareceu. Guardo o pátio do Liceu, onde os primeiros poemas, na realidade rabiscos, loucuras explícitas que aos quinze anos ousei. Guardo as madrugadas impunes, de andar livre e despreocupado. Guardo a turma da esquina e tudo que aprontávamos. Guardo o primeiro maço de cigarros, marca Mistura Fina, e um belo de um catiripapo por estar fumando escondido, foi o Tio Carlinhos quem deu! Guardo o primeiro porre, vinho suave e conhaque. Guardo o primeiro violão, ainda com cordas, mas desafinado. Guardo um monte de sentimentos, todos muito bem enraizados, que o tempo não dissolveu. Guardo as incertezas da vida e um tempo em que eu nada sabia, mas tinha todas as respostas, ou pensava que tinha!<br /><br />Guardo finalmente a constatação que ainda hoje nada sei. E guardo principalmente e por amor a minha vida, a criança travessa escondida lá no fundo do meu EU.</span></em></strong></div><div align="justify"><strong><em><span style="font-family:Trebuchet MS;color:#000000;">.</span></em></strong></div>NALDOVELHO E A DANÇA DO TEMPOhttp://www.blogger.com/profile/12230424484430984737noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4628352326612588936.post-19943329327333523372009-02-16T18:30:00.000-08:002009-02-16T18:44:26.182-08:00DEDICADO AO PECADO<span style="color:#000000;">.</span><br /><div align="justify"><strong><em><span style="font-family:trebuchet ms;">NALDOVELHO<br /><br />Hoje podia ser um dia internacionalmente dedicado ao pecado, mas só aos pequenos e saborosos pecados, aqueles que ansiamos em querer viver e que por força de regras, de travas, amarras nos negamos a cometer.<br /><br />Ficar na cama até mais tarde, preguiça é sempre um delicioso pecado!<br /><br />Degustar guloseimas, delícias, sem o risco de ter que engordar. A gula é um outro maravilhoso pecado!<br /><br />Quem sabe uma mulher bem bonita, pele branca e macia com muito veneno nos olhos, que saiba sussurrar baixinho coisas que o coração vive querendo escutar.<br /><br />Peitinho sem silicone! Tenho medo de mulher turbinada, assim como tenho medo de andar de avião. Rola um quê de impotência, vai que em pleno vôo eu desabo, é muito grande à distância que existe entre o céu e o chão. Talvez seja até por incompetência, talvez seja esse um grande pecado: o de não cobiçar “a perfeição”.<br /><br />Cobiça não! Esse é um grande pecado, sou capaz de desejar a mulher do lado, mas não sou capaz de cobiçar a mulher do meu irmão.<br /><br />Andar ocioso pelas ruas sem ter que me preocupar com as horas e se elas vão ou não ter que passar.<br /><br />Tomar um conhaque, fumar um cigarro, eis aí dois dos pequenos pecados que eu tive de abrir mão.<br /><br />Esse dia seria uma festa sem hora ou lugar para acabar. Teria a duração da distância entre o ir, o ficar e o voltar, só para que eu pudesse chegar sorrateiro e me aconchegar saliente em seu colo, fazendo com que a eternidade desse instante fosse mais um delicioso e exclusivo pecado do qual nós nunca mais teríamos que abrir mão.</span></em></strong></div><div align="justify"><strong><em><span style="font-family:Trebuchet MS;color:#000000;">.</span></em></strong></div>NALDOVELHO E A DANÇA DO TEMPOhttp://www.blogger.com/profile/12230424484430984737noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4628352326612588936.post-16524817390081698212009-02-16T17:36:00.000-08:002009-02-16T17:46:48.376-08:00POETA DÁ SEMPRE MUITO TRABALHO<span style="color:#000000;">.</span><br /><strong><em><span style="font-family:trebuchet ms;">NALDOVELHO<br /><br />É melhor fazer direito,<br />o coração fica do lado esquerdo do peito.<br />Encaixe com cuidado, tudo muito bem conectado,<br />vai ser preciso que ele esteja sempre ligado<br />para vida que precisa viver.<br />Que ele esteja muito bem regulado,<br />não pode ficar batendo atrasado,<br />nem tão pouco adiantado,<br />tudo muito bem compassado,<br />batidas harmonizadas por tanto bem querer.<br />Importante não esquecer<br />de inocular energia em dobro,<br />afinal este coração vai pertencer a um poeta,<br />tem que ser forte para poder sobreviver.<br /><br />Agora vamos para o cérebro,<br />detalhes complicados precisam ser alinhavados,<br />tudo muito bem interligado,<br />o racional não pode ser esquecido,<br />é grande a responsabilidade<br />daqueles que têm muito a dizer.<br /><br />Agora o fígado, o pâncreas, os pulmões,<br />os rins e tudo o mais que ele precise ter.<br />Olhos e ouvidos, bem aguçados<br />para que ele possa sempre perceber.<br /><br />Importante é não esquecer<br />que todas essas partes precisam ser resistentes,<br />pois costumam ser muito sacrificadas.<br />Vida de poeta é sempre tumultuada,<br />muitos romances, muita paixão,<br />difícil de entender!<br /><br />Pronto, já está na hora!<br />Podem deixar a magia da lua<br />contaminar todo o lugar.<br />Agora é só deixar nascer.<br /><br />Só um instante!<br />Mandem chamar dois bons anjos da guarda<br />e recomende sempre muito cuidado,<br />neste, a proteção tem que ser reforçada,<br />não se pode facilitar!<br />Poeta dá sempre muito trabalho,<br />vocês precisam ver pra crer !</span></em></strong><br /><strong><em><span style="font-family:Trebuchet MS;color:#000000;">.</span></em></strong>NALDOVELHO E A DANÇA DO TEMPOhttp://www.blogger.com/profile/12230424484430984737noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4628352326612588936.post-42036190160440012452009-02-16T17:18:00.000-08:002009-02-16T17:19:22.769-08:00EMBAÇADAS AS FOLHAS<strong><em><span style="font-family:trebuchet ms;color:#000000;">.</span></em></strong><br /><strong><em><span style="font-family:trebuchet ms;">NALDOVELHO<br /><br />Tem janelas, tem portas, trincos, tramelas,<br />tem sala, tem quarto, cozinha e banheiro,<br />mobília discreta, ambiente sombrio,<br />parece uma casa, só não sei se é um lar.<br /><br />Em cima da mesa, na sala de estar,<br />tem um vaso com flores<br />que não se permitem à essência.<br />Tem também outras plantas, violetas e avencas,<br />desmaiadas, sem viço, embaçadas as folhas.<br /><br />Num canto imprensado, um telefone que chama...<br />É engano, é engano!<br /><br />Tem estante, têm livros, todos eles fechados.<br />No quarto uma cama, que vive desfeita,<br />travesseiros amassados, lençóis amarelados,<br />a umidade ambiente é bem maior que aparenta.<br />Muita poeira e mofo, cortinas fechadas,<br />impedem que o ar possa se renovar.<br /><br />Nessa casa mora um homem<br />que se entregou ao abandono,<br />que não pensa, não tenta e detesta poemas.<br />Música então, nem pensar!<br />Dorme muito e quando acorda pede para ir embora.<br />Já passou dos setenta, não quis ter nenhum filho,<br />não escreveu o seu livro, não plantou uma árvore,<br />e eu nem sei o seu nome, e nem como agüenta<br />viver assim dessa escolha, com medo que doa,<br />com medo de chorar.</span></em></strong><br /><strong><em><span style="font-family:Trebuchet MS;color:#000000;">.</span></em></strong>NALDOVELHO E A DANÇA DO TEMPOhttp://www.blogger.com/profile/12230424484430984737noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4628352326612588936.post-58532021134598221512009-02-16T16:44:00.000-08:002009-02-16T16:45:18.520-08:00MAR BRAVIO<strong><em><span style="font-family:trebuchet ms;color:#000000;">.</span></em></strong><br /><strong><em><span style="font-family:trebuchet ms;">NALDOVELHO<br /><br />Mar tão bravio fustiga o rochedo dentro de mim. <br />Força dos ventos, outono de versos, doídos, confessos,<br />poemas dispersos, recolhidos às pressas, retornam as entranhas. <br />Calado o verbo, desafiei a peçonha e não resisti.<br /><br />Lágrima cristalizada, inquietude latente,<br />as horas que passam, nostalgia presente.<br />Quem sabe um blue possa me definir?<br />Um canto bandido, ardido e exprimido,<br />uma garrafa de Vodka já pela metade,<br />um cigarro queimando entre os dedos marcados,<br />um outro esquecido no cinzeiro largado.<br />E mais um Blue!<br />Acho que a Janis Joplin passou por aqui!<br /><br />Quem sabe as águas que chovem insistentes?<br /> São águas de março lavando a cidade.<br />Quem sabe outra música, revelar a saudade?<br />Eu tenho um segredo aprisionado, guardado.<br />Quem sabe a Nana possa me redimir?<br />A Caymmi é claro!<br />A outra é uma poetisa, entendida em desentranhamentos,<br />mas anda lá pelas Gerais, nem aparece mais por aqui!<br />Quem sabe alguém de palavras certeiras, de versos precisos?<br />Quem sabe o remédio que eu tanto preciso<br />possa abrir a janela, renovar o ambiente,<br />me tocar pro chuveiro, jogar fora o cinzeiro?<br />Quem sabe um poema brotando em vertentes<br />faça ressurgir o poeta que acredita na vida?<br />Quem sabe uma outra música?<br />Um piano, uma valsa?<br />Só não quero um bolero, senão eu choro!<br />Quem sabe amanhece e o mar bravio<br />pare de fustigar o rochedo que existe dentro de mim?</span></em></strong><br /><strong><em><span style="font-family:Trebuchet MS;color:#000000;">.</span></em></strong>NALDOVELHO E A DANÇA DO TEMPOhttp://www.blogger.com/profile/12230424484430984737noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4628352326612588936.post-60315377398338987262009-02-16T16:40:00.000-08:002009-02-16T16:41:44.100-08:00AMARGO<span style="color:#000000;">.</span><br /><strong><em><span style="font-family:trebuchet ms;">NALDOVELHO<br /><br />Fico em silêncio remexendo em meus guardados,<br />em minhas memórias, em minhas histórias.<br />Luz do quarto apagada e um certo perfume<br />toma conta do ambiente.<br />Olho pela janela, lá fora chove,<br />chuva fina e impertinente.<br />Aqui dentro a lágrima, teimosa e insistente.<br /><br />Faz tempo mandei a saudade ir embora.<br />De nada adiantou, ela não foi!<br />Já não bebo mais, Martines <br />e o que ficou foi o vazio...<br />Vazio das tardes sonolentas.<br /><br />Rádio e televisão desligados,<br />um livro chato fechado sobre a mesa.<br />O título? DA JANELA DO MEU QUARTO.<br />O autor? Já não o reconheço!<br />Provavelmente um romântico,<br />um desses que o vazio desses dias calou.<br /><br />Acendo um cigarro e o que eu trago é amargo... <br />Melhor pintar um novo quadro,<br />mais uma paisagem deserta, </span></em></strong><br /><strong><em><span style="font-family:trebuchet ms;">gélida e monocromática.<br />Violão nem pensar!<br />Os acordes teimam em me contrariar.<br />Daqui a pouco anoitece,<br />vou para a janela do quarto, já não chove!<br />Melhor parar de chorar.<br /><br />Da casa vizinha, janela ao lado,<br />o som de um piano incomoda<br />e toma conta do ambiente.<br />A mesma música de sempre:<br />“eu sei que eu vou te amar,<br />por toda a minha vida eu vou te amar”.<br /><br />Temo que esta música </span></em></strong><br /><strong><em><span style="font-family:trebuchet ms;">nunca mais vá parar de tocar!</span></em></strong><br /><span style="color:#000000;">.</span>NALDOVELHO E A DANÇA DO TEMPOhttp://www.blogger.com/profile/12230424484430984737noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4628352326612588936.post-89705082771245065832009-02-16T16:25:00.000-08:002009-02-16T16:31:11.969-08:00CIDADE NUBLADA<span style="font-family:trebuchet ms;color:#000000;"><strong><em>.</em></strong></span><br /><strong><em><span style="font-family:trebuchet ms;">NALDOVELHO<br /><br />Nas primeiras horas da manhã:<br />janelas abertas, nuvens compactas,<br />e um vento frio e abusado,<br />trazendo pra dentro do quarto<br />cheiro de terra molhada.<br />Na claridade da manhã,<br />chuva fina e insistente,<br />travesseiros amassados<br />num canto da cama, </span></em></strong><br /><strong><em><span style="font-family:trebuchet ms;">ainda desarrumada,<br />e uma preguiça enorme </span></em></strong><br /><strong><em><span style="font-family:trebuchet ms;">a acariciar-me o corpo.<br />Nada de novo nas horas,<br />tudo é hoje como era antes.<br />Nada que mereça um poema,<br />uma cantiga, ou mesmo uma crônica.<br />O vazio dos dias me persegue<br />e a gastura de sempre<br />não deixa espaço para a inspiração.<br />Um café quente, um cigarro,<br />não sei até quando o pulmão agüenta...<br />Melhor não pensar!<br />Lá fora os carros que passam,<br />constroem com a fumaça<br />um quadro cinzento, estranho...<br />Cidade nublada, vazia de sonhos.</span></em></strong><br /><strong><em><span style="font-family:trebuchet ms;color:#000000;">.</span></em></strong>NALDOVELHO E A DANÇA DO TEMPOhttp://www.blogger.com/profile/12230424484430984737noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4628352326612588936.post-88888449479485481262009-02-16T16:23:00.000-08:002009-02-16T16:24:05.326-08:00SINFONIA ESTRANHA<strong><em><span style="font-family:trebuchet ms;color:#000000;">.</span></em></strong><br /><strong><em><span style="font-family:trebuchet ms;">NALDOVELHO<br /><br />Na força dos ventos, sinfonia estranha,<br />sudoeste se assanha, ressaca de versos.<br />O cheiro de terra, o inverno lá fora,<br />a certeza que a hora não tarda a chegar.<br />As minhas sementes florescem aqui dentro,<br />dão frutos sadios, de polpas tão tenras,<br />remédios que o tempo há de preservar.<br />Poesias, lembranças, miragens, bobagens,<br />fartura de sonhos sem nenhum cabimento,<br />mas que dão crescimento, não adianta negar.<br />Escolhas que eu tive, por falta de escolhas,<br />caminhos trilhados sem constrangimentos.<br />A forja de um homem de pele morena,<br />de olhos castanhos e com um pé no além mar.<br />Sinfonia de versos, amores passados,<br />feridas latentes, ainda presentes.<br />Estranho ofício, poesia que arranha,<br />inquietude tamanha a me assombrar.<br />Lá no fundo do meu eu, um precipício<br />e um animal acuado querendo se libertar.<br />Mas no coração mora um anjo, menino e travesso,<br />poeta que eu tenho guardado em meu peito,<br />que toda a vez que eu choro<br />derrama um poema pra me consolar.<br />Sinfonia tamanha, rebelada e estranha,<br />que transforma as trevas em noite de lua<br />e depois amanhece, embora me doa,<br />o sol acontece pra me renovar.<br />E o animal adormece embalado em meus versos,<br />sons que eu confesso, cantigas de ninar.</span></em></strong><br /><strong><em><span style="font-family:Trebuchet MS;color:#000000;">.</span></em></strong>NALDOVELHO E A DANÇA DO TEMPOhttp://www.blogger.com/profile/12230424484430984737noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4628352326612588936.post-48475199713637817822009-02-16T14:58:00.000-08:002009-02-16T15:00:12.590-08:00UM TRIBUTO ÀS GERAIS<strong><em><span style="font-family:trebuchet ms;color:#000000;">.</span></em></strong><br /><strong><em><span style="font-family:trebuchet ms;">NALDOVELHO<br /><br />Um vento varreu as Gerais<br />e espalhou por toda a terra<br />sementes preciosas, coisas viscerais.<br />Espalhou o verde<br />para que se pudesse colher a esperança,<br />espalhou o azul<br />de um céu repleto de vivências,<br />espalhou o amarelo<br />de tanto ouro e riquezas<br />e espalhou o vermelho<br />do sangue dos inconfidentes.<br />Tantas coisas cristalinas<br />por este Brasil sem fronteiras.<br />Tantas cantigas, histórias,<br />toadas, prosas, poetas, poemas.<br />Espalhou Elanes, Nanas,<br />Lírias, Alices e Helenas,<br />mulheres, preciosas gemas.<br />Espalhou até o meu encantamento,<br />pois mesmo não tendo nascido por lá,<br />aqui surgi, graças a esse pé de vento.<br />E acreditem !<br />Geneticamente comprometido<br />e irremediavelmente inquieto,<br />por conta de tanta energia nas entranhas<br />e querendo ser varrido,<br />por um outro pé de vento,<br />pra poder semear também. </span></em></strong><br /><strong><em><span style="font-family:Trebuchet MS;color:#000000;">.</span></em></strong>NALDOVELHO E A DANÇA DO TEMPOhttp://www.blogger.com/profile/12230424484430984737noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4628352326612588936.post-60783228916387320762009-02-16T14:51:00.001-08:002009-02-16T14:51:56.649-08:00BUENA VISTA SOCIAL CLUB<em><strong><span style="font-family:trebuchet ms;color:#000000;">.</span></strong></em><br /><em><strong><span style="font-family:trebuchet ms;">NALDOVELHO<br /><br />Passaram-se os anos povoados de enganos,<br />só ficou o outubro lá dentro de mim.<br />Os cabelos tão brancos, as rugas no rosto,<br />os olhos maduros colhidos sem pressa<br />e as mãos calejadas despejam poemas,<br />doloridas as cordas do meu violão.<br />As telas que eu pinto retratam meus sonhos<br />por vales, marinas, silenciosas paisagens,<br />solitárias escolhas, caminhos sem fim.<br />Já faz tanto tempo e eu ainda choro,<br />lágrimas discretas, repletas, secretas,<br />primavera lá fora, outono aqui dentro,<br />janelas e portas permanecem entreabertas.<br />Passaram-se os anos, inquietos, confessos,<br />o lirismo é a maneira de mostrar que te amo<br />em melodias que insistem em dizer eu te quero.<br />Compassos medidos, revelam saudades,<br />num tango, num choro e até num cubano,<br />um daqueles boleros contundentes profanos,<br />Compay Segundo entendia o que digo,<br />Buena Vista Social Club não me deixa mentir.</span></strong></em><br /><strong><em><span style="font-family:Trebuchet MS;color:#000000;">.</span></em></strong>NALDOVELHO E A DANÇA DO TEMPOhttp://www.blogger.com/profile/12230424484430984737noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4628352326612588936.post-17790553090780310052009-02-16T14:44:00.000-08:002009-02-16T14:47:52.744-08:00BELAS PALAVRAS CONSTROEM UM POEMA<strong><em><span style="font-family:trebuchet ms;color:#000000;">.</span></em></strong><br /><strong><em><span style="font-family:trebuchet ms;">NALDOVELHO<br /><br />É preciso abrir a cortina...<br />Quero luz em seu rosto.<br />Muitas palavras descrevem o seu corpo,<br />poucas palavras escondem meus medos,<br />pois são seus os meus segredos,<br />meu cheiro, meus gostos.<br /><br />É preciso abrir a janela do quarto.<br />Quero a brisa suave que embriaga a tarde,<br />quero o cheiro de terra, de chuva, de flores.<br /><br />Belas palavras constroem um poema,<br />muitas palavras definem o que eu sinto,<br />coisas sagradas preciosamente guardadas.<br />Eu preciso trazer-lhe um cálice de vinho,<br />tipo suave, licoroso e branco.<br /><br />Muitas palavras ditas, sussurradas,<br />promessas veladas, quanta esperança !<br />É preciso que haja silêncio do quarto.<br />Quem sabe uma música<br />melhore ainda mais o ambiente<br />e faça você dormir<br />aconchegada em meus braços ?<br />Quem sabe você não precise partir?</span></em></strong><br /><strong><em><span style="font-family:Trebuchet MS;color:#000000;">.</span></em></strong>NALDOVELHO E A DANÇA DO TEMPOhttp://www.blogger.com/profile/12230424484430984737noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4628352326612588936.post-57923870776154602782009-02-16T11:03:00.000-08:002009-02-16T11:05:03.977-08:00MEUS VERSOS<strong><em><span style="font-family:trebuchet ms;color:#000000;">.</span></em></strong><br /><strong><em><span style="font-family:trebuchet ms;">NALDOVELHO</span></em></strong><br /><br /><strong><em><span style="font-family:trebuchet ms;">Destrambelhados, dispersos, confessos,<br />versos que a vida, feito louca,<br />teceu em teias complexas,<br />a demonstrar estiagens,<br />inquietudes, gasturas,<br />coisas confusas, bobagens,<br />tipo coisa de poeta,<br />que o mundo forjou pela dor.<br /><br />Assim são os falares<br />de quem se manteve em viagem<br />por lugares distantes, paragens,<br />planícies inóspitas, lunares,<br />solitários caminhos, sem tino,<br />nunca escondeu suas lágrimas ,<br />sangrou o sangue dos tolos<br />e ainda assim sobreviveu.<br /><br />Versos em desalinho,<br />fora do prumo e urgentes,<br />que jorram, assim, em vertentes,<br />água ardida, aguardente,<br />que revelam amplitudes da alma<br />de quem não aceitou o consolo,<br />desfez-se dos laços , correntes,<br />acreditou no amor e sonhou.</span></em></strong><br /><strong><em><span style="font-family:Trebuchet MS;color:#000000;">.</span></em></strong>NALDOVELHO E A DANÇA DO TEMPOhttp://www.blogger.com/profile/12230424484430984737noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4628352326612588936.post-63809467491818175832009-02-16T10:11:00.000-08:002009-02-16T10:12:15.216-08:00ATÉ BREVE<span style="color:#000000;">.</span><br /><strong><em><span style="font-family:trebuchet ms;">NALDOVELHO<br /><br />Palavras perversas, inquietas, repletas<br />de muita ousadia, rebeladas, incertas,<br />contrárias aos versos oprimem o poema,<br />quedam-se em silêncio ao rejeitar a dor<br />que a nostalgia que eu tenho é capaz de ofertar.<br />Negam a saudade e transformam o poeta<br />num caminhante em busca de outras paisagens,<br />estiagem que a vida insiste e nos traz<br />Palavras perversas, indiferentes, vazias,<br />abortam a poesia, sufocam a emoção<br />que as lágrimas insistentes teimam em mostrar.<br />E estabelecem um sorriso amargo e impreciso,<br />que acossa e só faz silenciar.<br />Securas que a vida nos traz...<br />Melhor então fechar as cortinas<br />e um aviso na porta: o poeta resolveu viajar.<br />Não se sabe bem pra onde<br />e nem quando vai voltar.<br />Melhor então dizer até breve!<br />Navegar sozinho, eu preciso,<br />até reencontrar um norte<br />e restabelecer em mim o juízo.<br />Desencontros que a vida impõe.</span></em></strong><br /><strong><em><span style="font-family:trebuchet ms;color:#000000;">.</span></em></strong>NALDOVELHO E A DANÇA DO TEMPOhttp://www.blogger.com/profile/12230424484430984737noreply@blogger.com0