.
NALDOVELHO
Percebo a fragrância que suavemente se entranha
e a peçonha que insidiosamente me assanha.
Percebo as garras que impiedosamente me arranham
e a sua pele, branca e tão cálida.
Percebo minhas pernas, trêmulas, tão frágeis
e o batimento do meu coração, acelerado, descompassado.
Percebo as frestas, grutas, reentrâncias,
percebo a seiva a jorrar dos teus poros,
a janela abusadamente escancarada
e a porta convenientemente trancada.
Percebo a lua por inteira, conivente, alcoviteira,
a dizer-nos: ainda é cedo!
Percebo as horas, lentas, sonolentas,
percebo as lágrimas que indecisas não choram
e uma música nostálgica tomando conta do ambiente.
Queria que a noite nunca mais fosse embora,
queria que a dor ficasse presa lá fora
e o amor ficasse livre aqui dentro.
Queria poder perceber por todo o tempo cada detalhe,
até poder morrer, antes que seja tarde.
.
sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário