segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

NÃO SOU POETA

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NALDOVELHO

Não sou poeta, sou exorcista.
Exorcista dos meus próprios demônios!
E o faço através de versos,
repletos, ardidos, confessos,
que curem antigas feridas,
que me desentranhem os ais.
Não sou poeta, sou mestiço!
Mulato, caboclo, cafuzo,
miscigenados os versos, confuso,
sem medidas métricas ou rimas,
confessadamente insano,
por conflitos estranhos, tamanhos.
Não sou poeta, sou descoberta,
de versos paridos revoltos,
espremidos pela dor e esforço
de deixar vir à tona, coisas viscerais...
Que por mais que eu negue
incomodam e arranham.
Não sou poeta, sou esboço,
de embaçadas e controversas imagens,
contornos sombrios, viagens,
cicatrizes, sinais, tatuagens,
palavras forjadas selvagens,
e a ferro em fogo, profanas.
Não sou poeta, sou inquietude!
Sou buscador de amplitudes,
rastilho de coisa explosiva,
ventania que venta por dentro
e derrama sem constrangimento
sementes doídas demais.

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