sábado, 14 de fevereiro de 2009

VENDE-SE UMA ILUSÃO

.
NALDOVELHO

Dedicado ao poeta Silvio Ribeiro de Castro

Cortinas rasgadas, janela entreaberta,
sala sombria, estranha, inquieta.
Sobre a mesa de centro, num vaso de flores,
rosas murchas, faz tempo.
No fundo da sala, quadros amarelados,
retratos de família, lembranças de um passado.
Na parede ao lado, numa estante,
livros, empoeirados, fechados.
Deitado num sofá um siamês
lambe as patas, e a tudo observa...
No canto da sala, numa pequenina mesa,
um abajur aceso, pálida luz, tristeza.
Por uma porta que liga, a sala ao corredor,
dois quartos dispostos, opostos, fechados
e um pequeno e aconchegante banheiro.
No final do corredor, espaçosa cozinha,
porta dos fundos e um amplo basculante,
de onde se pode ver, num quintal mal tratado,
árvores hospedeiras de orquídeas e trepadeiras.
Na frente da casa, numa pequena varanda,
samambaias, bromélias e uma espreguiçadeira.

Rua Noronha Torrezão, já nem lembro o número,
pois o que restou em minha mente
foi uma pequena placa afixada no portão:
VENDE-SE UMA ILUSÃO!

.

Nenhum comentário:

Postar um comentário