quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

ANJO TRAVESSO

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NALDOVELHO

Um anjo travesso pousou do meu lado,
fez caras e bocas, revirou meus guardados,
encontrou num poema palavras tão doces,
sorriso obsceno, reinventou o pecado.
Tirou minha roupa, bebeu nos lábios,
deitou-se comigo, ofertou-me um abrigo,
suado de orgasmos, veneno, gemidos,
e escreveu o seu nome a um palmo do umbigo.
E fez tatuagem, estranha, selvagem,
sussurrou indecente, segredos, bobagens,
violou meus sentidos, propostas, promessas
e colheu sentimento, ternura, loucura...
Matou minha fome, saciou sua sede,
e, assim de repente, avisou que era um sonho.
Abriu as janelas, sorriso nos olhos,
bateu suas asas, e sem dizer nada, partiu.
Um anjo obsceno deixou aqui o seu cheiro
e em meu corpo suas marcas:
vestígios de um dia, nostalgia latente,
inquietude evidente entranhada em mim.
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