domingo, 15 de fevereiro de 2009

PEDRAS

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NALDOVELHO

Pedras expostas à margem da estrada,
silenciosamente espreitam,

testemunhas discretas de tantas jornadas,
de tantas vivências passadas por aqui.

Pedras expostas à margem da vida
definem trajetórias, desvios de rumo,
delimitam passagens e impedem a dispersão.

Pedras concretas de formas suspeitas
direcionam escolhas e avisam

que o norte já foi definido,
que ao sul vive o perigo,
que a leste não existem abrigos

e que a oeste existe o mar.

Pedras tão frias, guardiãs do caminho,
ameaçam o insurreto, limitam o acesso
à outras jornadas, ainda que íngremes,

permitem ao menino crescer pela dor.

Pedras que o homem materializou com o tempo,
carcereiras decerto dos meus sentimentos,
ameaças constantes por constrangimentos.

Queria ter feito outras escolhas,
queria poder extraí-las de mim.
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