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NALDOVELHO
Acorda a corda
do violão que discorda
e se nega a ficar afinada,
harmonizada às outras cordas
e por tanta e insistente teimosia,
impede que eu faça a melodia
que a poesia precisa e pretende
para enaltecer em mim o amor.
Acorda o verso
que sonâmbulo se fez desconexo,
embaralhado dentro do tema,
a gargalhar na hora do pranto
e a ironizar com o desencanto,
pois não foi tão bom nem tanto,
melhor então que acabou !
Acorda a lágrima
que sonolenta entalou na garganta
sob o pretexto de matar-me a sede.
Lágrima salgada e desencontrada,
só aumenta a secura que estou
e não revela o dor que ficou .
Acorda o sonho
que por instantes virou pesadelo
de sombrias e insanas imagens,
sentimento transformado em miragem,
coisa sem sentido, bobagem,
história de um poeta bem tolo,
obsedado pelo desamor.
Acorda os olhos
e olha o que a vida ensina,
expulsa do quarto a neblina
e assim rebelado reafirma
que coração de poeta é mais forte,
resiste ao desalento e a morte,
para que com raiva eu escreva
um poema de amor
ao muito que me restou.
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sábado, 14 de fevereiro de 2009
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