sábado, 14 de fevereiro de 2009

EU NEGO

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NALDOVELHO

Qualquer coisa que digam
que possa relacionar-me a tua pessoa,

eu nego!
Veementemente nego!

Nego que te ame,
ou mesmo que a qualquer tempo
tenha te amado como dizias.
Nego que tenha, a qualquer pretexto,
debruçado-me em versos
que dissessem da minha saudade,
da ausência que costumeiramente me invade,
ou mesmo da danada da nostalgia
que o poeta sente e se ressente
por ter te amado como dizias.
Nego até que eu seja um poeta!
Um desses que costuma

desencravar poemas
por conta de desencontros,
de dor de partida,
de coisas mal resolvidas!

Acredite: eu nego!
Nego que acredite em feitiços,
em outono, em invernos...
Primavera então, nem pensar!
Irritam-me as flores e os pássaros
e aquilo que costumam inspirar.
Nego que o ar que eu respiro
seja impregnado por tua essência,
se me lembro bem, alfazema!
E qualquer coisa que digam
é a mais pura e absurda fantasia.
Nego até que o sol insistente,
contra a minha razão e vontade,
nasça pela manhã, todos os dias...

Só uma coisa eu confirmo:
sou um mentiroso confesso
e isto não posso negar!

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