sábado, 14 de fevereiro de 2009

BALA PERDIDA

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NALDOVELHO

Teria sido bala perdida,
ou teria gravada no corpo,
riscado a faca, o meu nome?

Só sei que foi por pouco,
passou queimando-me a pele,
abrindo um sulco no rosto
que sangra o sangue dos tolos,
que jorra em versos, poemas,
confissões, sussurros, desgostos
e que lateja toda a vez que eu toco,
que eu penso, que eu ouso, ou que eu choro.

O mais certo é ter sido tocaia,
causo pensado, desforra,
dor que eu causei...
Quem sabe um desconforto?
Talvez dor de mulher amada,
melhor dizer, mal amada!
São tantas as idas e vindas
daquele que não tem um porto.

Melhor andar mais atento,
evitar outros constrangimentos,
pois são muitos os perigos
para quem escolheu a inquietude
como caminho acidentado de vida.
Melhor queimar com aguardente,
cauterizar a ferida, fazê-la latente.
Mais uma cicatriz,
ainda que vez por outra me doa...
Vai ser dor de poesia urgente
de quem escolheu não ter lugar nem hora
para exercer o seu direito de ser.

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