sábado, 14 de fevereiro de 2009

CENA

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NALDOVELHO

Em seus olhos eu percebo
promessas, encontros, essências,
dose certa de desassossego,
medida e meia de carícias
e uma certa contundência
por ter se entregue inteira
às trilhas desta vida.
Em sua boca eu prevejo
o perigo da peçonha
e um abrigo à insônia
que tanto tormento traz.
Do seu colo escorrem seivas,
dos seus seios a malícia,
pois sempre na tocaia
vivem a me desafiar.
Das coxas suadas,
orvalhadas, como queira!
preciosa e ardilosa teia
a me manter ser cativo,
entranhado, enlaçado
e em correntes feito escravo
não consigo escapulir.
Minhas pernas não respondem,
presa fácil entre os dentes.
E um pouco abaixo do seu ventre,
olho d’água pulsa ardente
por esfregas indecentes,
por entregas ansiosas,
encaixados, descuidados,
já nem sei por onde ir.

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