sábado, 14 de fevereiro de 2009

CORPOS ENTRELAÇADOS

.
NALDOVELHO

Sorrisos, olhares, odores, texturas...
palavras cálidas, tão ávidas, ternuras,
carinhos insanos, profanos, procuras,
janelas fechadas, inquietudes, loucuras,
verdades expostas, dispostas, ardidas,
línguas embaraçadas, querências paridas,
lágrimas tontas, choradas espremidas,
o silêncio e o sonho a forjar nossas vidas.

Minhas pernas destoam, embaralhados os passos,
suas marcas tatuadas a ferro e fogo em meus braços,
lacunas, vazios, preencher os espaços,
deixei em seu leito minhas marcas, meu rastro,
na procura de outras vias, concretas, confessas,
que me levassem pra dentro e que fosse depressa,
pois nada mais o quê se diga sobre nós interessa!
Melhor mantermos apertados os nós que nos restam.

Cortina entreaberta a tarde anoitece
e o silêncio revela o sussurrar de uma prece.
Ao som de um piano um coração que se aquece,
se contraí num orgasmo e depois adormece.
Não deixe a semente lançada a esmo,
não levo mais nada além da dor de mim mesmo,
dor de poesia que sobrevive e me assanha,
na madrugada de versos que ao meu corpo se entranha.
São versos molhados, cadenciados, ousados,
com rimas perfeitas de corpos entrelaçados.

.

Nenhum comentário:

Postar um comentário