segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

DEDICADO AO PECADO

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NALDOVELHO

Hoje podia ser um dia internacionalmente dedicado ao pecado, mas só aos pequenos e saborosos pecados, aqueles que ansiamos em querer viver e que por força de regras, de travas, amarras nos negamos a cometer.

Ficar na cama até mais tarde, preguiça é sempre um delicioso pecado!

Degustar guloseimas, delícias, sem o risco de ter que engordar. A gula é um outro maravilhoso pecado!

Quem sabe uma mulher bem bonita, pele branca e macia com muito veneno nos olhos, que saiba sussurrar baixinho coisas que o coração vive querendo escutar.

Peitinho sem silicone! Tenho medo de mulher turbinada, assim como tenho medo de andar de avião. Rola um quê de impotência, vai que em pleno vôo eu desabo, é muito grande à distância que existe entre o céu e o chão. Talvez seja até por incompetência, talvez seja esse um grande pecado: o de não cobiçar “a perfeição”.

Cobiça não! Esse é um grande pecado, sou capaz de desejar a mulher do lado, mas não sou capaz de cobiçar a mulher do meu irmão.

Andar ocioso pelas ruas sem ter que me preocupar com as horas e se elas vão ou não ter que passar.

Tomar um conhaque, fumar um cigarro, eis aí dois dos pequenos pecados que eu tive de abrir mão.

Esse dia seria uma festa sem hora ou lugar para acabar. Teria a duração da distância entre o ir, o ficar e o voltar, só para que eu pudesse chegar sorrateiro e me aconchegar saliente em seu colo, fazendo com que a eternidade desse instante fosse mais um delicioso e exclusivo pecado do qual nós nunca mais teríamos que abrir mão.
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