sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

REVELAÇÕES

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NALDOVELHO

Letras esquisitas, destrambelhadas, proscritas,
constroem poemas rebelados, estranhos.
São gritos de clausura, loucura, delírio,
imagens insanas reveladas em meus sonhos.
Poemas inquietos, sementes urgentes,
letras ardidas, molhadas, indecentes,
gotejam impunemente e revelam segredos.

Revelam o amor que eu trago escondido,
revelam o esconderijo, o refúgio, o abrigo,
revelam janelas, faz tempo, fechadas
e portas convenientemente trancadas.
Revelam ventania que venta aqui dentro,
revelam calmaria que reina lá fora
e a serventia dos versos que afloram.
Revelam a dor que existe em meu corpo
e o desconforto, lado esquerdo do peito,
revelam o orgasmo dolorido, contido,
revelam seu cheiro, ainda o tenho em meus dedos,
revelam marcas, cicatrizes, tatuagens,
equivocadas escolhas, caminhos, bobagens,
distâncias enormes, esperas, saudades...
Revelam um inverno, chuva fina e insistente,
apesar do verão desobediente lá fora,
revelam que a poesia transborda, derrama,
ainda quê, em letras vadias, profanas...

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