segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

MAR BRAVIO

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NALDOVELHO

Mar tão bravio fustiga o rochedo dentro de mim.
Força dos ventos, outono de versos, doídos, confessos,
poemas dispersos, recolhidos às pressas, retornam as entranhas.
Calado o verbo, desafiei a peçonha e não resisti.

Lágrima cristalizada, inquietude latente,
as horas que passam, nostalgia presente.
Quem sabe um blue possa me definir?
Um canto bandido, ardido e exprimido,
uma garrafa de Vodka já pela metade,
um cigarro queimando entre os dedos marcados,
um outro esquecido no cinzeiro largado.
E mais um Blue!
Acho que a Janis Joplin passou por aqui!

Quem sabe as águas que chovem insistentes?
São águas de março lavando a cidade.
Quem sabe outra música, revelar a saudade?
Eu tenho um segredo aprisionado, guardado.
Quem sabe a Nana possa me redimir?
A Caymmi é claro!
A outra é uma poetisa, entendida em desentranhamentos,
mas anda lá pelas Gerais, nem aparece mais por aqui!
Quem sabe alguém de palavras certeiras, de versos precisos?
Quem sabe o remédio que eu tanto preciso
possa abrir a janela, renovar o ambiente,
me tocar pro chuveiro, jogar fora o cinzeiro?
Quem sabe um poema brotando em vertentes
faça ressurgir o poeta que acredita na vida?
Quem sabe uma outra música?
Um piano, uma valsa?
Só não quero um bolero, senão eu choro!
Quem sabe amanhece e o mar bravio
pare de fustigar o rochedo que existe dentro de mim?

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