segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

AMARGO

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NALDOVELHO

Fico em silêncio remexendo em meus guardados,
em minhas memórias, em minhas histórias.
Luz do quarto apagada e um certo perfume
toma conta do ambiente.
Olho pela janela, lá fora chove,
chuva fina e impertinente.
Aqui dentro a lágrima, teimosa e insistente.

Faz tempo mandei a saudade ir embora.
De nada adiantou, ela não foi!
Já não bebo mais, Martines
e o que ficou foi o vazio...
Vazio das tardes sonolentas.

Rádio e televisão desligados,
um livro chato fechado sobre a mesa.
O título? DA JANELA DO MEU QUARTO.
O autor? Já não o reconheço!
Provavelmente um romântico,
um desses que o vazio desses dias calou.

Acendo um cigarro e o que eu trago é amargo...
Melhor pintar um novo quadro,
mais uma paisagem deserta,

gélida e monocromática.
Violão nem pensar!
Os acordes teimam em me contrariar.
Daqui a pouco anoitece,
vou para a janela do quarto, já não chove!
Melhor parar de chorar.

Da casa vizinha, janela ao lado,
o som de um piano incomoda
e toma conta do ambiente.
A mesma música de sempre:
“eu sei que eu vou te amar,
por toda a minha vida eu vou te amar”.

Temo que esta música

nunca mais vá parar de tocar!
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